Jesus e Sua Singular Estratégia de Liderança

Muito do que vejo entre os líderes cristãos hoje está basicamente focado em alcançar multidões. "Líderes bem-sucedidos" são aqueles pregam em grandes conferências, aqueles que organizam grandes eventos, possuem programas famosos de televisão ou de rádio, aqueles que publicam livros best-sellers, aqueles que escrevem blogs ou websites de sucesso ou até mesmo aqueles que possuem muitos seguidores nas redes sociais. Simplificando, o objetivo de muitos líderes é a amplitude. Eles querem expandir sua influência a tantas pessoas quanto possível. 

Por Al Felix

No entanto, não há nada de errado nisso. Mas se observarmos atentamente para Jesus, veremos que Ele tinha uma estratégia de liderança muito diferente. Ele não começou sua liderança na parte de cima, mas na parte de baixo, na base. 

O objetivo de Jesus quanto a ser líder não se baseava no "alcance" ou na popularidade. Na verdade, por mais estranho que possa parecer nos nossos dias, Jesus desencorajou a busca ativa da publicidade e propaganda. 

Em mais de uma ocasião, depois de realizar um milagre impressionante, Ele disse aos que testemunharam: "Não digam a ninguém o que vocês viram" (veja, por exemplo, Mateus 8:4; 16:20; 17:9; Marcos 7:36; 8:30; 9:9; Lucas 5:14; 8:56).

Jesus era o pesadelo de líderes que adoram se publicitar, dos que gostam fazer propaganda de si mesmos! 

Jesus, pelo contrário, Se concentrou na verdadeira profundidade e no impacto a longo prazo. Para conseguir isso, Ele possuía uma estratégia de liderança totalmente diferente da nossa. 

1. Ele Guiou-Se a Si Mesmo 
Aprenda a liderar-se a si mesmo. É impossível liderar pessoas para lugares que nós mesmos nunca fomos ou nunca estivemos (mesmo que imaginariamente). Pense comigo: Por que alguém o seguiria, se você não consegue seguir a si mesmo?

É aqui onde toda liderança de verdade começa. A autoliderança precede - vem antes - da liderança de uma equipe e da influência pública. Se não consegue se liderar, se guiar, você não pode (e nem deve) liderar os outros. 

É por isso que Jesus frequentemente se retira para lugares calmos para orar (ver Mateus 14:23, Lucas 5:16, 6:12, 22: 41-44). 

Ele lutou contra o diabo para provar Seu caráter (ver Mateus 4:1-11). Ele sabia que Seu caráter - Sua identidade - era a base de Seu ministério. O caráter, nossa identidade, é mais evidente quando ninguém está olhando, quandoestamos sozinhos lidando com nossos medos e desafios.

2. Ele Possuía Um Grupo Íntimo de Três Pessoas 

Ele derramava Seu coração em três homens. Eram seus amigos e confidentes mais próximos. Seu círculo mais íntimo era composto por Pedro, Tiago e João. Ele os levou para retiros especiais (ver Mateus 17:1) 

Ele lhes permitiu testemunhar Sua glória. Liderança tem a ver com mostrar-se ou expor-se. Quando lidera, você se expõe aos seus liderados mais próximos. Foi isso que Jesus fez diante destes três homens (ver Marcos 9:2).

Ele falou com eles sobre suas mais profundas inquietações e tentações. Liderança torna-se profunda quando expomos o que nos vai à alma (ver Marcos 14:33,34).

Ele orou com eles. Orar à parte é sempre o ponto fulcral, é o epicentro, da verdadeira liderança (ver Lucas 9:28). Ele ensinou-lhes coisas que não ensinou aos outros: Mostrou- lhes Sua real face! A verdadeira liderança não pode esconder de seus liderados mais próximos a sua real face! (ver Mateus 17:2).

3. Ele Treinou os Doze
 
Ele escolheu doze discípulos para estarem “com Ele”. Trouxe-os mais próximo d’Ele (ver Marcos 3:14) Ele os ensinou e também lhes deu atribuições.

Com os doze, Jesus nos ensina como devemos auxiliar nossos liderados, movendo-os de um ponto abaixo para o outro acima. Deu-lhes atribuições, algo para fazer e delegou-lhes autoridade. Para cada atribuição ou tarefa deverá haver o nível de autoridade específica ou correspondente (ver Marcos 3:14-19).

No entanto, Ele também compartilhou com eles a sua vida diária. Como o apóstolo Paulo faria anos mais tarde, Ele derramou neles, primeiramente o Evangelho, depois a sua própria vida. Veja se são receptíveis ao ensino. Se forem receptíveis ao ensino, então pode despejar neles sua vida! (ver 1 Tessalonicenses 2:8) 

Ele lhes confiou o poder de fazer o trabalho que Ele Mesmo havia feito. Na verdade, Ele prometeu-lhes que realmente fariam obras maiores. Permitiu-lhes fazer o que Ele Mesmo faz e deu-lhes a oportunidade de superar a Si Mesmo (ver João 14:12-14).

4. Ele Mobilizou os Setenta 

Jesus tinha um grupo maior, de setenta discípulos, a quem deu tarefas específicas. Enviou-os de dois em dois. Ele pediu-lhes que tivessem um grande compromisso de pregar o evangelho. Ele quase não lhes deu recursos. No entanto, exigiu que realizassem milagres. Ele lhes disse teriam oposições: (ver Lucas 10:1-12). Não lhes prometeu nenhuma recompensa terrena (ver Lucas 10:18-20). 

Estes setenta, exerceram poder de influência por onde passaram, porque possuíam um Mentor influente. Um que sabia transferir Seu coração, projetos e objetivos neles. Daí a influência e o impacto nas cidades e vilas.

5. Ele Ensinou às Multidões 

Sim, Jesus tinha um ministério público. Ele ocasionalmente falava às multidões. No entanto, Ele não agradava a estes grupos ou pregava o que eles queriam ouvir. Ele confrontou o status quo, despertou a sensibilidade de seus ouvintes, e muitas vezes ensinava por parábolas. 

Curiosamente, Ele não sentiu a necessidade de esclarecer tudo. Muitas vezes, deixava Seu público confuso imaginando o que Ele queria dizer. Seu objetivo era, aparentemente, mudar o paradigma deles e fazê-los pensar. 

Evidentemente, a estratégia de liderança de Jesus funcionou bem. Dentro de uma geração, Seus seguidores viraram o mundo de cabeça para baixo: 

“Contudo, não os achando, arrastaram Jasom e alguns outros irmãos para diante dos oficiais da cidade, gritando: ‘Esses homens que têm causado alvoroço por todo o mundo, agora chegaram aqui’” (Aost 17:6).


Dentro de sete gerações (318 A.D.), o imperador Constantino aceitou a Palavra e fez do Cristianismo a religião oficial do Império Romano. 

Hoje estamos aqui, dois milênios depois, pregando e estudando sobre as estratégias de Jesus sobre liderança. 

Conclusão 
Depois de interagir com líderes em todos os níveis por mais de 15 anos, minha observação é que a maioria dos líderes só se concentra nas duas últimas estratégias (mobilizar os Setenta e as Multidões), saltando as três primeiras (liderar a si mesmo, os Três e os Doze). 

Muitos líderes têm ministérios de pregação e ensino públicos e são bons em mobilizar grandes grupos para realizar tarefas específicas. No entanto, pouquíssimos treinam intencionalmente um pequeno grupo de discípulos, muito menos constroem relacionamentos íntimos e profundos com três ou cinco confidentes. 

É por falta dessas experiências que muitos líderes têm dificuldades de liderar bem e manter por muito tempo um ministério público. Por causa disso, não têm o tipo de impacto duradouro que poderiam ter, como Jesus teve até hoje! 

Quanto mais cresço como pastor, mais valor dou aos relacionamentos íntimos com pequenos grupos de homens de Deus e discípulos. Liderar grandes multidões pode encher o meu ego, mas não garantirá um impacto que sobreviverá além de minha mera existência.

É isso.






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